Transformando problemas em oportunidades - Resenha crítica - Berthold Gunster
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Transformando problemas em oportunidades - resenha crítica

Transformando problemas em oportunidades  Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Autoajuda & Motivação

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Flip thinking

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-65-5564-856-0

Editora: Sextante

Resenha crítica

Sim-mas

Imagine que você teve uma ideia brilhante e decide compartilhar com alguém. Só que a resposta que ouve é: “sim-mas”. Algo como “sim, mas e se não der certo?” ou outras questões parecidas. Todos os “sim-mas” nos fazem pensar que qualquer ideia acabará soterrada em objeções que soam sensatas.

O “sim-mas” coloca restrições que nos impedem de avançar. Por mais válidas que sejam, nossas ideias são recebidas com objeções. Acabamos estagnados. O lado bom é que existe uma outra rota: a do “sim-e”. Essa mentalidade enfatiza o que podemos fazer em vez de focar nos problemas. 

Quando saímos do “sim-mas” para o “sim-e”, pensamos em termos de oportunidades. As soluções aparecem de uma forma fácil. Passamos a fazer grandes descobertas com pouco esforço. Você não precisa vencer os problemas. Com essa filosofia de pensamento, basta transformá-los em oportunidades. Eles se tornarão seus aliados.

A arte de transformar problemas em oportunidades

Transformar problemas em oportunidades é algo que pode ser aprendido. É um jiu-jítsu psicológico chamado de “flip thinking”, ou, no neerlandês natal do autor, “omdenken” (omdênquem). Significa algo como “pensamento invertido”, ou “pensar ao contrário”. Essa técnica traz possibilidades novas para lidar com os problemas.

Ela cria o paradoxo de que, quanto mais problemas, melhor. Com ele, progredimos na vida ao aceitar os problemas em vez de ingenuamente pensar positivo para evitá-los. Tudo começa ao confrontar a realidade. O autor conta que tem formação como diretor de teatro. Sua experiência inclui a arte do improviso.

As regras de ouro do improviso são: 

  • aceitar a realidade como ela realmente é;
  • fazer alguma coisa com isso.

Ao improvisar, um ator cresce com os problemas. Toda a cena se constrói a partir deles. Os obstáculos são o ponto de partida, não algo a reclamar. Só que não queremos esses cenários na vida. Fugimos dos problemas. Ninguém quer sofrer. No entanto, não é assim que a vida funciona. As dificuldades sempre estarão lá.

Agindo como um ator de improviso

Assim como os improvisadores, devemos transformar o problema em algo bom, fazendo da ausência o ponto mais importante do espetáculo. Viva a vida como se estivesse interpretando um papel em uma peça. Use os problemas para encontrar um caminho para as oportunidades que existem no caminho. Os problemas podem vencer você ou tornar-lhe mais forte. 

O mais difícil é aceitar o que você não pode mudar e descobrir o que fazer com isso. No entanto, com a postura certa, essa é uma habilidade que será aperfeiçoada. O autor usa como exemplo de flip thinking a reação do comediante neerlandês Paul de Leeuw em um programa de televisão que apresentava.

Durante uma transmissão ao vivo, um ativista da causa animal entrou nu no estúdio e gritou “não maltrate os animais!”. Em vez de entrar em pânico, o apresentador ficou calmo, chamou o homem para sentar em uma cadeira e disse “vamos lá, me explique essa história de não maltratar os animais”, revertendo a situação em seu favor.

O poder do flip thinking

Quando tratamos um problema como oportunidade, tiramos vantagem dele. É um jiu-jítsu mental porque, na arte marcial, também tiramos partido da força do adversário. Com o flip thinking, usamos a força do obstáculo em nosso favor. O autor conta outro exemplo, o de um casal recém-casado que acabou de se mudar.

Eles moravam longe da família, a 150 quilômetros de distância. Só que os pais do marido eram invasivos. Todo fim de semana, eles viajavam para a casa do casal para fazer uma indesejada faxina completa, sem que ninguém pedisse. O casal pediu um conselho ao psicólogo pouco convencional Paul Watzlawick.

A sugestão do psicólogo veio a partir do flip thinking: a dica foi não limpar nada até a visita seguinte. Em vez disso, era para deixar tudo o mais bagunçado possível. No fim de semana seguinte, os pais ficaram tão sobrecarregados que desistiram e decidiram, finalmente, deixar o casal se virar sozinho.

Trocando o “sim-mas” pelo “sim-e”

Diante de um problema, a reação natural é resistir a ele, entrando no modo “sim-mas”. No entanto, o casal e o apresentador fizeram exatamente o contrário. Em vez de fugir da situação, eles agiram como se gostassem dela. Não se comportaram como se quisessem se livrar do que estava acontecendo.

Encarar os problemas de frente e tentar lutar contra ele também pode funcionar. Só que alguns são complexos demais para que se resolvam de uma forma simples, direta e lógica. O “sim-mas” nem sempre é construtivo, porque nos deixa obcecados por como as coisas deveriam ser e não as vemos como são.

Os problemas estão mais em nossa mente do que na realidade. Nós criamos as expectativas de como um programa ao vivo deve transcorrer ou como bons pais devem se comportar. O pensamento de “sim-mas” só agrava isso. O truque é pensar além dos nossos próprios limites. Troque o “deveria ser” pelo “poderia ser”. 

Os dois passos para o flip thinking

No flip thinking, o primeiro passo é a desconstrução. Comece trocando o “sim-mas” pelo “sim”. Diga “sim” para a situação. Veja-a como um fato. Aceite-a. Tire o “deveria” da sua mente, atentando-se apenas à realidade. Às vezes, isso é difícil. É como quebrar uma noz dura, com uma casca bem grossa.

O passo seguinte é a reconstrução. Transforme o fato em uma oportunidade. É  aqui que o “sim” se torna o “sim-e”. Você recolhe os fatos, reordena-os e descobre o que fazer com eles. Essa é uma oportunidade de reconstrução, em que refletimos sobre o que “poderia ser”. Nem sempre isso é fácil de fazer.

Às vezes, praticar o flip thinking é complicado e demorado. Por isso, precisamos de paciência, confiança e persistência. Outras vezes, o processo é surpreendentemente fácil e traz a sensação de “por que não pensei nisso antes?”. Não há fórmula matemática para pensar ao contrário. É uma arte e uma habilidade.

O flip thinking é uma estratégia

Já passamos da metade do microbook e o autor conta alguns requisitos para praticar o flip thinking. São eles:

  • Aceitar a realidade. Não gaste energia pensando em como as coisas deveriam ser. Há situações que são imutáveis.
  • Observar com cuidado. Nossa percepção não é infalível. Às vezes, vemos o que pensamos ver, não o que realmente está ali.
  • Pressupor que os problemas só existem em sua cabeça. A realidade tem apenas fatos.
  • Aprender a conviver com o estresse. 
  • Ser “antifrágil”, ou seja, capaz de crescer com os problemas.
  • Parar de emperrar seu pensamento. Abra mão do hábito de tentar “consertar” tudo o que parece errado. O mundo é complexo demais para isso.
  • Perguntar-se se é possível solucionar o problema que você enfrenta. Algumas coisas não podem ser resolvidas, mesmo com flip thinking. Outras não valem a pena.

As 15 estratégias do flip thinking

Existem 15 estratégias para transformar problemas em oportunidades. Elas se dividem em:

  1. Aceitação. Aceite o problema e veja o que dá para fazer com ele. O autor usa de exemplo o ator Harrison Ford. Nas filmagens de “Os caçadores da arca perdida”, ele sofreu uma diarreia e não pôde fazer uma cena planejada de luta de espadas. Aceitando o problema, ele sugeriu ao diretor tirar a luta e, em vez disso, quando o adversário sacasse a espada, Indiana Jones só respiraria fundo e atiraria nele. A cena virou uma das mais engraçadas e icônicas do filme.
  2. Espera. Aguarde a maré virar depois de um tempo. Mantenha a situação no fundo da mente. Então, dê uma volta, tome um café e faça quaisquer outras coisas enquanto seu subconsciente encontra uma solução. Esse é o método de vários artistas. A criatividade exige tempo. A solução surge a partir daí.
  3. Potencialização. Olhe o que está dando certo e faça mais do mesmo. Aposte na estratégia mais promissora. O autor usa de exemplo pessoas cegas. O problema na visão faz com que elas tenham todos os outros sentidos mais aguçados. Quando se concentram neles, desenvolvem talentos que vão além dos que as pessoas sem deficiência visual conseguem.
  4. Respeito. Mostre às pessoas as consequências dos comportamentos delas. Dê exatamente o que pedem. Foi o que fez o casal, cujos pais intromissivos iam fazer faxina na casa do filho e da nora. O autor também cita o exemplo de uma mulher que tinha o irritante hábito de limpar uma sujeira imaginária no paletó de um amigo. Ela abandonou o tique quando ele pediu não só para ela limpar o paletó, mas as calças e as outras peças de roupa.
  5. Perseverança. Apenas siga em frente. Cresça por tentativa e erro. O autor cita de exemplo Thomas Edison, que passou anos testando materiais até encontrar um bom o suficiente para dar origem à lâmpada elétrica. O inventor dizia que não fracassou, só encontrou 10 mil maneiras que não funcionavam.
  6. Foco. Não tire os olhos do objetivo. Largue o que você não quer. Tenha em mente o objetivo final. Quando temos dificuldades para sacar a rolha em uma garrafa de vinho, podemos passar horas tentando. Mas se seu objetivo é simplesmente tomar uma taça de vinho, seria mais eficiente empurrá-la para dentro.
  7. Repensamento. Converse com pessoas, pesquise, faça perguntas e reconsidere ideias antigas. Às vezes, as respostas já existem há muito tempo, mas estão enterradas no passado. Durante boa parte da história, as pessoas acreditavam que a Terra era plana. Só que, alguns séculos antes, o grego Eratóstenes chegou a calcular sua circunferência, com uma margem de erro de só 2%. Esse conhecimento ficou soterrado na Antiguidade.
  8. Eliminação. Tire o que não funciona e foque no que sobrou. Há coisas que ficaram para trás. As empresas que focavam em vendas de CDs faliram diante da possibilidade de baixar músicas. Hoje, até isso parece obsoleto diante dos streamings.
  9. Incorporação. Alie-se a um inimigo. O melhor chefe de segurança digital é um hacker, porque ele conhece todas as fraquezas cibernéticas. Os times de futebol sabem bem disso e se esforçam para contratar os melhores jogadores dos rivais.
  10. Colaboração. Busque o que você tem em comum com o outro e deixe as diferenças em segundo plano. Olho por olho deixa todo mundo cego.
  11. Instigação. Use os desejos alheios para criar suas oportunidades. A maior parte das técnicas de vendas se baseia em mexer com o que as pessoas querem.
  12. Ostentação. Exagere o que você deseja esconder para fazer a ansiedade sumir. O autor usa o Elton John de exemplo. Ele tem uma doença ocular que o obriga a usar óculos no palco. Isso inicialmente pareceu um ponto negativo. No entanto, ele o transformou em positivo ao usar óculos extravagantes que viraram sua marca.
  13. Troca de papéis. Adote o comportamento da outra pessoa e intensifique. Se uma pessoa se fizer de vítima, faça-se mais. Experimente o contraste, para pegá-la desprevenida.
  14. Perturbação. Vire as regras de ponta cabeça. Crie uma pequena anarquia. Quando os carteiros foram proibidos de ir trabalhar de bermuda, ficaram furiosos. Acharam a regra arbitrária. Então, um deles foi trabalhar de vestido para protestar. Afinal, a regra não dizia nada sobre isso.
  15. Inversão. Transforme um problema em oportunidade. Busque o lado bom. Quando o mágico Richard Wiseman perdeu seu material de ilusionismo um dia antes de uma apresentação importante, foi forçado a fazê-la com os objetos do dia a dia que tinha disponíveis. O resultado foi o surgimento de alguns de seus melhores truques.

Notas finais

Transformando problemas em oportunidades explora ideias para enfrentar os problemas com criatividade. É um livro repleto de exemplos contraintuitivos de como as pessoas saíram de situações constrangedoras e difíceis de forma inesperada.

Dica do 12min

Muito da nossa criatividade tem a ver com as pessoas que usamos de referência. Em “Roube como um artista”, Austin Kleon ensina a desenvolver ideias a partir de pedaços das ideias dos outros. Veja no 12 min!

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Quem escreveu o livro?

Berthold Gunster é palestrante, diretor teatral e dramaturgo. É conhecido por divulgar o flip thinki... (Leia mais)

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